Nas palavras do Poeta, és mulher, amor, navalha. Em mim, és repouso, doença, sonho, corpo maior.
Nínguém te olhou, crua e sumarenta como és, e enfim, todos te olharam...
Ninguém te cantou como o Ary:
"No castelo ponho o cotovelo
em alfama descanso o olhar
e assim desfaço o novelo
de azul e mar.
À Ribeira encosto a cabeça
almofada da cama do Tejo
com lençóis bordados à pressa
na cambraia de um beijo.
Lisboa menina e moça menina
da luz que os meus olhos vêem, tão pura
teus seios são as colinas, varina
pregão que me trás à porta, ternura.
Cidade a ponto luz, bordada
toalha à beira mar, estendida
lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida.
No Terreiro eu passo por ti
mas da Graça eu vejo-te nua
quando um pombo te olha sorri
és mulher da rua.
E no bairro mais alto do sonho
ponho o fado que soube inventar
aguardente da vida e medronho
que me faz cantar.
Lisboa no meu amor, deitada
cidade por minhas mãos, despida
lisboa menina e moça, amada
cidade mulher da minha vida."
José Carlos Ary dos Santos
domingo, 30 de março de 2008
O Povo das Estrelas
É aqui que me início...esta é a porta entre o corpo, a língua e o chão.
Aqui comemoro a utilidade da beleza de nascermos diferentes e nos oferecermos ao vento, habitando as cores, com o canto a aproximar o abraço que nos alimenta o sonho.
Aqui me torno parte das vozes de cada olhar...
Assim é, e que assim seja:
" O céu é o meu tecto; a terra a minha pátria e a liberdade é a minha religião."
De nós, ciganos, os nómadas-poetas, começa a música. Descalçem os sapatos que o baile vai começar...
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